quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Justificação do Princípio da Maior Felicidade


Magritte

A doutrina utilitarista é a de que a felicidade é desejável, e é a única coisa desejável, como um fim; todas as outras coisas são desejáveis apenas enquanto meios para esse fim. O que se deverá exigir à doutrina (…) para que a sua pretenção de ser aceite seja bem sucedida?


A única prova que se pode apresentar para mostrar que um objeto é visível é o facto de as pessoas efectivamente o verem. A única prova de que um som é audível é o facto das pessoas o ouvirem, e as coisas passam-se do mesmo modo com as outras fontes da nossa experiência. Similarmente, entendo que a única evidência que se pode produzir para mostrar que uma coisa é desejável é o facto das pessoas efectivamente a desejarem. Se o fim que a doutrina utilitarista propõe a si própria não fosse, na teoria e na prática, reconhecido como um fim, nada poderia alguma vez convencer qualquer pessoa de que o era. Não se pode apresentar qualquer razão para mostrar que a felicidade geral é desejável, exceto a de que cada pessoa, na medida em que acredita que esta é alcançável, deseja a sua própria felicidade. Isto, no entanto, sendo um facto, dá-nos não só toda a prova que o caso admite, mas toda a prova que é possível exigir, para mostrar que a felicidade é um bem: que a felicidade de cada pessoa é um bem para essa pessoa e, logo, a felicidade geral um bem para o agregado de todas as pessoas. A felicidade estabeleceu o seu título como um dos fins de conduta e, consequentemente, como um dos critérios da moralidade.
                                           
                                                                                   Stuart Mill, Utilitarismo


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