quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Egoísmo psicológico



Magritte

O egoísmo psicológico é uma teoria da motivação que afirma que todos os nossos desejos últimos se referem a nós mesmos. Sempre que queremos bem aos outros (ou mal), temos esses desejos que se referem aos outros apenas instrumentalmente; preocupamo-nos com os outros apenas porque pensamos que o seu bem-estar influenciará o nosso próprio bem-estar. Como afirmei, o egoísmo é uma teoria descritiva, não é normativa. Procura caracterizar o que de facto motiva os seres humanos, mas nada diz sobre se essa motivação é certa ou errada.

O egoísmo tem exercido uma enorme influência nas ciências sociais e tem penetrado de forma ampla no pensamento das pessoas comuns. Os economistas pensam tipicamente que os seres humanos são motivados por "um interesse próprio racional", o que exclui qualquer preocupação redutível ao bem-estar dos outros. E as pessoas comuns afirmam frequentemente que as pessoas ajudam os outros porque isso as faz sentir bem com elas próprias ou porque procuram a aprovação de terceiros.
É fácil inventar explicações egoístas mesmo para os actos de auto-sacríficio mais pungentes. O soldado na trincheira que se faz rebentar juntamente com uma granada para salvar a vida dos seus camaradas, é um lugar-comum na bibliografia sobre o egoísmo. Como pode esse acto resultar do interesse próprio se o soldado sabe que acabará com a sua vida? O egoísta pode responder que o soldado percebe nesse instante que prefere morrer a sofrer a culpa que o perseguiria para sempre se se salvasse a si próprio e deixasse que os seus amigos morressem. O soldado prefere morrer e nada mais sentir, a viver e sofrer os tormentos dos condenados. Esta resposta pode parecer forçada, mas ainda está por determinar a razão por que a devemos considerar falsa


As críticas que têm surgido contra o egoísmo podem ser divididas em três categorias. Primeiro, há a tese de que não é genuinamente uma teoria. Segundo, há a alegação de que se trata de uma teoria refutada pelo que observamos no comportamento humano. Terceiro, há a ideia de que, embora o egoísmo seja uma teoria consistente com o que observamos, há outras considerações que não são evidentes que sugerem que deve ser rejeitada em favor de uma teoria alternativa, o pluralismo da motivação, segundo a qual os seres humanos tanto têm desejos últimos egoístas como altruístas.

                                                     Elliot Sober, “Egoísmo psicológico”, in Arte de Pensar



RAZÕES PARA AGIR
RAZÕES MOTIVANTES

Motivos do Agente
(explicação das ações)
CRENÇAS E DESEJOS

Perspetiva da motivação de David Hume:
·         As crenças de um agente só o motivam a agir se combinadas com desejos

Perspetiva de Kant:
·         A motivação para realizar um ato, nem sempre se deve a um desejo.

EGOÍSMO PSICOLÓGICO
(Thomas hobbes e Jeremy Bentham)

·         O fim último de todas as ações é o bem estar do próprio agente.
·         Todas as ações humanas podem ser explicadas em função do interesse do agente.
·         O altruísmo é uma ilusão.
RAZÕES JUSTIFICATIVAS

Factos que tornam racional agir de determinada maneira
(racionalidade das ações)
RACIONALIDADE INSTRUMENTAL:
·         A racionalidade prática é uma questão de adotar os meios apropriados para os fins.

EGOÍSMO RACIONAL
·         Há só um fim último racional: o bem estar do próprio agente.
·         O altruísmo é irracional.
·         Se formos racionais a nossa felicidade é o único fim.


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