quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O inato e o a priori



É importante notar que o tópico do inatismo é distinto da questão do a priori. O inatismo não diz respeito à justificação; é apenas uma noção temporal que tem que ver com a questão de perceber se certos conceitos, crenças ou capacidades são possuídos à nascença. A categoria do a priori, no entanto, destaca as verdades em que temos justificação para acreditar sem atendermos à nossa experiência.
Foi sugerido que averiguar se temos capacidades ou crenças inatas é uma questão empírica. A questão mais importante, porém – aquela que divide o empirista e o racionalista – é se alguma das nossas crenças ou capacidades específicas são adquiridas. Podemos ver que estas questões são independentes atendendo à possibilidade de podermos ter crenças inatas que não possuem justificação a priori. Mesmo que eu tenha uma crença de Deus à nascença, subsiste a questão de perceber se esta crença é justificada, se o empirista poderia argumentar que para isso seriam precisas provas empíricas.
O conhecimento a priori é obtido por intuição e pelo raciocínio, e a justificação que este tipo de conhecimento encerra não depende da nossa experiência do mundo. Os racionalistas sustentam que um conhecimento deste tipo nos pode proporcionar verdades substanciais e sintéticas acerca do mundo; os empiristas argumentam que só pode proporcionar-nos verdades «triviais», relativas ao significado das nossas palavras. 

                                      Dan O'Brien, Introdução à Teoria do Conhecimento, pag.75



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