domingo, 15 de novembro de 2015

Retórica e persuasão







SÓCRATES: Afirmas que és capaz de ensinar a retórica a quem a quiser aprender contigo?
GÓRGIAS: Afirmo.
SÓCRATES: De tal modo que essa pessoa fique em condições de ganhar o assentimento de uma assembleia sobre qualquer assunto, sem a instruir recorrendo apenas à persuasão?

GÓRGIAS: Absolutamente.
SÓCRATES: Dizias há pouco que até em questões de saúde o orador é mais persuasivo do que o médico.
GÓRGIAS: Sim, perante uma multidão.
SÓCRATES: Perante uma multidão quer dizer, certamente, perante aqueles que não sabem, porque, perante aqueles que sabem, o orador não pode ser mais persuasivo do que o médico.
GÓRGIAS: Dizes bem. (…)
SÓCRATES: Mas aquele que não é médico não é ignorante nas matérias em que o médico é entendido?
GÓRGIAS: Claro que é.
SÓCRATES: Então, quando o orador é mais persuasivo do que o médico, é um ignorante a ser mais persuasivo do que um entendido perante uma multidão de ignorantes. É realmente isto que sucede ou é outra coisa?

GÓRGIAS: No caso presente é o que sucede.

                                                                                         Platão, Górgias



OPOSIÇÃO DE PLATÃO AOS SOFISTAS
PLATÃO
SOFISTAS
·         Existem verdades objetivas e universais – rejeição do relativismo sofista.
·         A filosofia procura a verdade.
·         Relativismo sofista – os sofistas não admitem a existência de verdades objetivas e universais.
·         Não estavam interessados em chegar à verdade mas em defender um “ponto de vista” ou ganhar uma discussão.

CRÍTICA DE PLATÃO AOS SOFISTAS
·         A retórica sofista não procura a verdade e o bem.
·         A retórica sofista é uma forma de manipulação e não de persuasão racional.
Os oradores influenciam as opiniões e comportamentos do auditório à custa das suas limitações cognitivas e ignorância.
Os oradores instrumentalizam o auditório fazendo deste um meio para alcançar os seus interesses
A ignorância do auditório é condição necessária para o orador ignorante - o orador não domina o assunto de que fala e precisa que o auditório seja ignorante para ser mais persuasivo.

OS DOIS USOS DA RETÓRICA
MAU USO
BOM USO
·         A retórica é usada como manipulação
·         A argumentação recorre à manipulação, falácias e apelo às emoções.
·         O orador usa/ explora as limitações cognitivas do auditório para obter a sua adesão
·         Persuasão racional
·         O orador dirige-se às capacidades cognitivas e críticas do auditório
·         Apesar do caráter controverso de certos   assuntos, o orador procura alcançar e mostrar a verdade.
·         Procura apresentar toda a informação relevante ao auditório, não distorce nem omite factos

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